quinta-feira, 9 de junho de 2011

Post. 5 - "Inclusão digital distante dos brasileiros"

Como ferramenta de apoio na educação, também o computador tem uma importância que ninguém mais discute. Mas essa tecnologia, capaz de transformar vidas, ainda está longe de muitos brasileiros. É o que mostra a repórter Mônica Teixeira nesta semana da inclusão digital.
A estrada esburacada é o único caminho até Noiva do Cordeiro, interior de Minas Gerais, onde a vida ainda depende da lavoura. O trator já foi a única máquina por lá até os mais jovens descobrirem um novo instrumento de trabalho.
“A gente controla o plantio, o que gastou, a previsão de lucro, quanto foi o lucro de todas as plantações de arroz, de milho”, garante a aluna Iara Vieira.
A tecnologia chegou aos agricultores do pequeno distrito, mas ainda está muito longe da maioria da população.
Os brasileiros que não têm oportunidade de usar um computador formam uma nova legião de excluídos. Os esforços do Brasil ainda não foram suficientes para avançar na inclusão digital. Não têm acesso à internet 79% da população com mais de 10 anos de idade.
A ONU avaliou 180 países para saber como eles estão adaptados às novas tecnologias. E o Brasil não ocupa lugar de destaque. Uma realidade preocupante. Quanto mais longe dos computadores, mais distantes ficamos do desenvolvimento.
“Se você não tiver a inclusão digital nós perdemos a chance de desenvolvimento imensa, uma janela de oportunidades para o nosso país, que infelizmente se fecha em 10, 15, 20 anos”, aponta Ronaldo Lemos, do Centro de Tecn0logia da Fundação Getúlio Vargas.
A Índia já começou a aproveitar a chance. Investiu em políticas de inclusão e desde 2001 foi o país que mais evoluiu neste ranking, apesar de lutar contra a pobreza. Hoje exporta tecnologia e tem especialistas cobiçados no mundo todo.
Este é o sonho de Rodrigo Baggio para o Brasil. Há 12 anos ele criou a primeira ONG de inclusão digital da América Latina. O CDI – Comitê para Democratização da Informática - tem escolas em quase todos os estados. Até no exterior.
“Inclusão digital não é apenas levar computadores e internet para comunidades de baixa renda e para escolas, isso é só meio. Dessa forma, nós podemos ter um instrumento poderoso em nossas mãos para promover geração de trabalho, empregos, renda”, afirma o diretor executivo do CDI.
Diante do computador, Elisama descobriu um talento pro desenho. Júlio, uma vocação para as artes gráficas. A editora de livros funciona dentro de um instituto psiquiátrico no Rio de Janeiro.
“Quando é que essas pessoas podiam se imaginar fazendo livros? É a descoberta de um potencial, adormecido e de outros desenvolvidos através do ensino da informática”, diz a psicóloga Ariadne de Moura.
Em Minas, os agricultores esperam agora a chegada da internet. Para que o acesso a Noiva do Cordeiro não seja mais só pela estrada de terra.
“Vai trazer informação porque aqui a gente vive isolado, não tem telefone, então é uma comunidade isolada. E com a internet vai conectar o mundo sem sair de casa”, espera a aluna Rosali Pereira.
No ano 2000, o Brasil criou o Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações - que arrecada um percentual do faturamento das empresas de telecomunicações. Mas até hoje o dinheiro não foi aplicado em projetos de inclusão digital.
O Ministério da Fazenda explicou que é preciso alterar a lei que criou o fundo, já que ela não prevê tecnologias disponíveis hoje, como a conexão por telefonia celular e a internet em banda larga. Segundo o ministério, isso tem impedido a liberação dos recursos.

Fonte: http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL572679-10406,00-INCLUSAO+DIGITAL+DISTANTE+DOS+BRASILEIROS.html

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